Os medos fazem parte da infância e do desenvolvimento saudável da criança. Monstros no armário. Palhaços debaixo da cama. Animais que teimam em se aproximar demasiado. O som do trovão numa noite de tempestade…
Claro que qualquer mãe fará de tudo para que o filho deixe de ter medo e se sinta melhor, mas a verdade é que não pode, não deve, e não vai estar sempre lá para ajudar a criança a acalmar e por isso é tão importante ajudá-las a lidar com os medos de forma autónoma, com coragem e confiança.
A primeira coisa que precisamos perceber é que, tal como qualquer uma de nós, as crianças precisam de prática. E isso significa que precisamos deixá-las lidar com o desconforto de sentirem medo de algumas descobertas que vão fazer.
Depois, vamos ajudá-las a falar sobre o que as está a assustar. E para isso não nos podemos esquecer de que elas nem sempre têm o vocabulário necessário para explicar o que sentem ou do que têm medo, mas nós podemos ajudá-las com perguntas específicas. Por exemplo, se o seu filho tem medo da noite ou do escuro, pode perguntar-lhe:
“– Diz-me, o que torna a noite tão assustadora?”
Não ridicularizar
Muito importante ainda é deixar que ele saiba que leva os medos dele a sério, mesmo que lhe pareçam um disparate.
Por isso, em vez de:
“- Aí que medricas, agora não queres dormir sozinho porque tens medo do escuro!”
Tente:
“- Bem, parece-me que estás com medo do escuro do quarto!”
Estabelecer pequenas metas
Quando perceber que o seu filho se sente seguro, converse com ele sobre formas criativas de lidar com esses medos e de ser corajoso. Para isso, é muito importante definir metas fáceis de alcançar. Neste caso, dormir com uma pequena luz de presença e porta aberta pode ser um bom ponto de partida.
Ser paciente
Aprender a gerir os medos leva tempo, por isso é mesmo importante que sejamos pacientes e que elogiemos os progressos das crianças. A maioria dos medos faz parte do normal desenvolvimento infantil. Ainda assim, se uma criança se mostra receosa com demasiadas situações e por um longo período de tempo, impedindo-a de se divertir ou interferindo com a sua vida diária, pode ser um sinal de ansiedade e, nestes casos, é importante procurar ajuda de um profissional.
Para além disto…
- Não finja que não tem medo das coisas que teme.
As crianças têm um sentido apuradíssimo para perceber quando estamos a mentir-lhes e isso torna-as ainda mais temerosas. É melhor dizer a uma criança que tem determinado medo (mesmo que seja de algo que lhe pareça tonto) e que está a trabalhar nisso.
- Não tente falar com o seu filho sobre um medo irracional.
Nenhuma criança (e provavelmente nenhum adulto) conseguirá lidar de forma racional com um medo irracional. Pelo menos não no começo. Se a resposta de pânico se instalar não haverá nenhum argumento que se torne razoável.
Reconheça que o medo do seu filho é real, mesmo que o ache irracional. Valide os sentimentos dele reconhecendo o medo. Isso permite que ele saiba que está do lado dele e que o vai ajudar o que, por si só, já contribui para a redução da ansiedade.
- Nunca ridicularize uma criança por estar com medo.
Desvalorizar ou ridicularizar uma criança por estar com medo de algo só fará com que ela sinta vergonha e se feche à partilha. É importante que os pais vejam os medos como uma oportunidade importante para ensinar determinadas
Lembre-o de medos que já tivera e de como os conseguiu ultrapassar.
- Não se apresse em tranquilizá- lo se tiver a certeza de que a criança não será prejudicada.
Uma resposta exagerada da sua parte terá duas consequências não intencionais, mas infelizes: se você entrar em pânico, a criança acreditará que há motivos para tal. Se reagir com muitos abraços, palavras e barulho, ela aprenderá que uma maneira infalível de chamar a sua atenção é agir com medo. Seja solidário sem exagerar. Uma criança só pode aprender a dominar os medos se for apoiada para enfrentá-los.
- NÃO evite pessoas, lugares e coisas que deixem o seu filho ansioso.
“Protegê-lo” dessa forma levá-lo-á a pensar que há algo com que se deve preocupar e que você acha que ele não é capaz de lidar com a situação. Reintroduza o problema temido de forma gradual. Exponha a criança ao que ela teme em pequenos passos para que perceba que ela pode e consegue lidar com a situação. Se ela tem medo de cães, por exemplo, pode começar por lhe contar histórias onde entre este animal, por brincar com um cãozinho de brinquedo. Mais tarde, pode apresentar-lhe um verdadeiro, que seja pequeno e dócil e, a partir daí, ir trabalhando até que deixe de ter medo definitivamente.
Trabalhe de forma consciente para ajudar o seu filho a ser uma pessoa corajosa e resiliente.
💛 Leiam livros juntos sobre crianças que ultrapassam os medos.
💛 Ensine-lhe formas de se acalmar em situações de stress e pânico.
💛 Incentive-o sempre que ele mostrar coragem para fazer as coisas.
E ajude-o a distinguir entre quando o medo nos diz para sermos cautelosos e quando está apenas a atrapalhar-nos os planos!