Como desenvolver a autoestima nas crianças?
Espelho, espelho meu, há alguém pior que eu?
Pouco nos importa que o espelho responda que não a uma bruxa malvada que mais não tem que inveja da bela e delicada Branca de Neve. Mas, e quando o espelho responde que não aos seres que mais amamos no mundo? Partimos o espelho ou ensinamo-los a lidarem com esta voz que pode vir de um espelho chamado “a sua voz interior”?
Por mais que o desejássemos, dificilmente conseguiríamos proteger os nossos filhos de todas as situações e problemas que o futuro lhes reserva. Talvez não o desejemos sequer. Nem nós, nem eles. Sabemos que devem crescer e desenvolver-se em ambientes onde não estejamos sempre presentes para lhes dar a mão e isso obriga-nos a focar a atenção naquilo que sabemos que os vai ajudar a lidarem com os desafios com coragem e determinação: uma autoestima forte.
A saúde social, comportamental e emocional de uma criança determinam a forma como ela lida com as adversidades e os desafios
Esta é uma das características mais importantes do desenvolvimento infantil. A saúde social, comportamental e emocional de uma criança determinam a forma como ela lida com as adversidades e os desafios e por isso, cultivar a
semente da confiança contribui não só para a construção de um comportamento social positivo, como funciona como amortecedor para os dias mais cinzentos e frios.
Uma criança que se sente bem consigo mesma tem confiança para experimentar coisas novas e para se abrir ao desconhecido com alegria e entusiasmo. É mais provável que dê o melhor de si mesma e sinta orgulho por tudo o que é capaz de fazer. Uma autoestima forte ajuda-a a lidar com os erros de uma forma positiva, a ser mais resiliente, a melhorar o desempenho académico e a estabelecer relações fortes tanto em casa como na escola.
Por outro lado, crianças com baixa autoestima têm tendência a sentir insegurança, têm dificuldade em assumir uma posição, em fazer escolhas e em se defenderem. Desistem com frequência das atividades ou, muitas vezes, nem tentam. Têm dificuldade em lidar com o erro e com o fracasso o que faz com que não consigam obter um desempenho tão bom quanto poderiam.
A boa notícia é que nós podemos ajudá-las a desenvolver e fortalecer este amor e estima por elas mesmas logo desde pequeninas a partir da segurança que lhes podemos proporcionar, da aceitação e da atenção positiva.
Criar e fortalecer a autoestima das nossas crianças está ao nosso alcance! Elas podem aprender a melhorar a forma como se veem e se valorizam e a chave para que isso aconteça está em nós deixarmos de ser superprotetores, e passarmos a ser solidários e realistas.
Por onde começar?
É importante elogia-las genuína e honestamente de forma a que sintam orgulho pelos seus esforços e realizações. A amizade também é um fator de grande impacto. Não necessitam de ter muitos amigos ou de ser populares, o importante é terem amigos que as aceitem como são, mesmo que seja apenas um.
Ajudá-las a descobrir os seus dons, aquilo que de melhor fazem também é outra excelente forma de aumentar a autoestima. Para isso podem, por exemplo, construir uma lista de tudo o que fazem bem e estabelecer uma “âncora de competência” que as ajude a despertar a memória para um acontecimento passado que lhes permita sentir alegria e confiança, levando esse sentimento para a hora de enfrentarem desafios mais exigentes.
Por último, a mais importante: mostre-lhes o amor incondicional que tem por cada uma. Saberem o quanto são amadas pelos pais dar-lhes-á uma sensação de segurança e pertença essenciais para a imagem que criam delas mesmas. O amor incondicional dos pais é a base de todos os relacionamentos saudáveis e fortes que irão formar mais tarde nas suas vidas.
O amor incondicional dos pais é a base de todos os relacionamentos saudáveis e fortes que irão formar mais tarde nas suas vidas.
Abrace os seus filhos, aconchegue-os, conte-lhes histórias, brinque com eles, expresse o seu amor sem moderação. Este é o pilar que os ajudará a construir os seus próprios círculos sociais, a fazer amigos e a criar laços mais fortes.
A autoestima expressa-se a partir de factos observáveis, a partir daquilo que a criança faz e da forma como o faz. É, por isso, importante observarmos o seu comportamento e ajudámo-las a verem o seu reflexo num espelho maior e mais iluminado que o da bruxa da Branca de Neve pois esse reflete apenas uma parte.