Crianças desobedientes e que não ouvem. Como lidar?

Crianças desobedientes que não ouvem. Como lidar?

Uma das maiores dúvidas e preocupações que afligem os pais está relacionada com os filhos que respondem de forma desafiante e parecem não ouvir. Embora desejemos que os nossos filhos sigam as nossas instruções desde o primeiro pedido, também valorizamos a capacidade deles dialogarem connosco, de expressarem opiniões e sentimentos. Como conseguimos conciliar esses objetivos? 

A chave está em estabelecer uma relação sólida que permita, em seguida, ensinar-lhes a gerir as suas emoções, a controlar o tom de voz e a aprender a discordar de forma respeitosa, ao mesmo tempo que obedecem às diretrizes.

Para criarmos um ambiente de respeito nas nossas casas é fundamental que sejamos exemplos de comportamento e respostas adequadas. Isso inclui falar de maneira respeitosa uns com os outros e controlar o tom de voz. Eu sei, esse é sempre o nosso maior desafio. A ousadia das crianças pode ser especialmente desafiadora.

 

Assim como nós, os nossos filhos experimentam emoções intensas, mas têm um desenvolvimento cerebral e habilidades significativamente menores para lidar com essas emoções (escrevi sobre isso aqui). Por isso é que as crianças agem mais impulsivamente que nós, adultas. Portanto, é importante reconhecer que esse comportamento pode ser expectável, mas também que pode ser trabalhado. Nós podemos, sim, ajudas as crianças nessa gestão combinado uma resposta que seja gentil com a colocação de limites e regras consistentes.

Aqui estão algumas sugestões:

Mantenha a calma: uma reação emocional agressiva só vai agravar a situação. Nestes momentos é essencial concentrar-se em ser um modelo de comportamento apropriado e evitar que a situação se deteriore ainda mais. Se sentir necessidade de gritar, tente diminuir o tom de voz. Isso normalmente chama a atenção das crianças mais eficazmente do que gritar e ajuda a manter o controlo.

 

Não leve para o lado pessoal: quando as crianças falam num tom de voz alto e irritado temos de nos lembrar que o que está a acontecer é que estão a direcionar a frustração para a situação, não necessariamente para nós. 

 

Concentre-se na questão: se a resposta emocional do seu filho estiver relacionada com um limite que lhe tenha colocado, como desligar a televisão ou fazer uma tarefa, não se distraia com o comportamento que pode advir daí. Podemos chamá-lo à atenção pelo tom de voz que está a usar, mas evitemos que a situação se torne num novo problema.

 

Validade os sentimentos: é importante reconhecer que muitas vezes o tom de voz reflete emoções como frustração, desapontamento ou raiva. Podemos validar esses sentimentos sem comprometer a nossa autoridade, demonstrando empatia.

 

Permita que o seu filho se expresse: se as crianças discordarem de forma respeitosa é fundamental ouvi-las e compreender o seu ponto de vista. Podemos usar essas situações como oportunidades para demonstrar flexibilidade e abertura. Por vezes, elas têm boas razões para estarem chateadas e, em certos casos, podem até fazer-nos mudar de opinião.

 

Evite continuar uma discussão: após teremos explicado a razão ou o limite, não é necessário continuarmos a responder a perguntas ou queixas incessantes. O objetivo é abordar a situação uma vez e não dar às crianças oportunidade de prolongar o desentendimento. Podemos utilizar frases como: “Já respondi a essa pergunta“, “Amo-te demais para discutir” ou “Estou disponível para responder quando estiveres calmo“.

 

Apresente-lhe um caminho adequado: por vezes as crianças estão tão envolvidas nas suas emoções que têm dificuldade em controlar o tom de voz. Nestes casos, é útil fornecer-lhes as palavras e modelar o tom adequado. Podemos dizer algo como: “Uma forma mais gentil de me dizeres isso é: ‘Sinto-me frustrado por ter de arrumar o meu quarto antes de jogar um playstation‘.” 

VAMOS A UM EXEMPLO?

Imagine que pede aos seus filhos para parem de brincar e arrumarem o quarto ou os brinquedos e eles começam a resmungar, a reclamar ou a gritar consigo “Não queremos!” “Agora não!!”

Eis como poderia responder-lhes:

 

💡#1

Primeiro, e uma vez que é a adulta da relação, vai manter a calma dizendo a si mesma: “Tenho plena capacidade para lidar com esta situação. Vou manter-me calma e ajudar os meus filhos a gerirem esta frustração”. Lembre-se de usar o nível de volume oposto ao que eles usarem, se eles levantarem o volume de voz, sussurre-lhes.  Isto é o quanto basta para que prestem atenção. 

 

💡#2

Mantenha o foco: “Vejo que estão frustrados. Têm razão, nem sempre é divertido arrumar. Temos que arrumar os brinquedos quando terminamos de brincar.”

 

💡#3

Ofereça-lhes uma escolha: “Querem começar por arrumar os blocos ou os lápis de cor?”

 

💡#4

Às vezes, arrumar pode parecer uma tarefa grande e esmagadora. Dividir a tarefa em partes menores e mais fazíveis pode dar-lhes algo no qual se consigam concentrar e, assim, ajudá-los a sentir que estão a fazer a coisa certa.

 

💡#5

Também pode transformar a situação num jogo: “Quem arrumar 10 coisas mais rapidamente ganha!” Esta é uma ótima forma de construir conexão e tornar a escuta divertida! Embora possa ajudar na tarefa, NÃO faça as tarefas pelos seus filhos!

E se eles continuarem a reclamar e a não colaborar?

💡Permita-lhes recomeçar: “Vejo que estão a ficar frustrados. Vamos fazer uma pausa de 5 minutos, mas quando o despertador tocar terão que começar a arrumar.

💡 Dê-lhes uma consequência lógica: “Vejo que não estão a ouvir quando vos peço para arrumar os brinquedos. Vou guardá-los por alguns dias até que me mostrem que são capazes de cuidar deles com responsabilidade”. Neste caso terá de os guardar e de os colocar de lado por um período específico de tempo (dependendo da idade, não deve precisar mais do que um dia ou dois). Certifique-se de que não lhes podem mesmo aceder durante esse período ou esta estratégia não funcionará!

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Da primeira vez que experimentar uma destas abordagens é possível que que leve mais tempo do que o que gostaria. Se assim for, tudo bem. Se conseguir manter a calma já estará a progredir. Também é perfeitamente aceitável afastar-se por alguns momentos ou pedir ao seu parceiro que a substitua por um momento. Se for consistente e mantiver o limite verá que, a cada passo, esse processo ficará mais fácil e os seus filhos precisarão de cada vez menos apoio.

E quando conseguir manter os limites firmes sem perder a calma os seus filhos saberão o que esperar e aprenderão a ouvir e colaborar mais facilmente.

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